A noção comum de bem e mal, a visão bipolar que matiza o julgamento das diferentes facetas da vida dentro da nossa cultura ocidental, advém de uma moralidade bipolar. Uma moralidade humana, afetada e limitada.
Bem e mal qualifica a ação humana, de pessoas que consideramos melhores ou piores. Boas e más. Mas que na realidade estão no seu próprio processo de evolução. Estão a aprender, como se diz comumente "até à morte". Não são pessoas boas nem más, mas pessoas no seu particular estado de evolução, num contexto particular e inintelegível. Na sua existência têm por vezes momentos mais fáceis e melhores que outros, mas eventualmente o fácil se torna difícil, o doce se converte em amargo, e sucedem-se experiências difíceis também na história das suas vidas. Vivem nas suas botas, e ninguém mais as pode calçar, por muito que quisesse.
Como o poeta Khalil Gibran escreveu:
Assim eu não acredito na dualidade do bem e do mal, mas em diferentes estados de evolução e diferentes momentos na existência particular de cada ser, que se conjugam com a vontade pessoal para criar um estado de espírito particular, que condiciona a vontade na tomada de decisão e na ação. Ação esta realizada em função de objetivos particulares, relacionados ao estado de evolução.
Sendo que procurar comparar diferentes pessoas e os seus estados de evolução é um exercício difícil e injusto, porque cada um está no seu próprio percurso, diferente, caminhando de acordo com as suas capacidades e segundo as suas próprias ideias e ações que lhe fazem sentido, em direção à aquilo que atrai o seu próprio ser.
O imperador romano filósofo Marco Aurélio avisou-nos a ter a consciência de que nós próprios cometemos erros suficientes. Para não cairmos no narcisismo, porque somos como os outros. E, assim, se evitámos cometer alguns dos erros que outros cometem, devemos reconhecer o potencial para cometer ainda maiores.
Sendo que um erro é um comportamento desadequado que resulta de uma má compreensão ou de análise deficiente de um fato ou de um assunto, na procura de um objetivo considerado válido. Desta forma uma escolha consciente não é um erro.
A cultura contemporânea procura massificar formas de ser supérfluas, mas cada ser humano é diferente e a sua vida segue um percurso único. Não há duas pessoas iguais, nem duas vidas iguais.
O verdadeiro bem e mal, não acredito que se aplique em relação às particularidades da conduta, mas em relação a seguir aquilo em que se acredita ou não que se deve fazer, respectivamente. Em crescer para aquilo que o indivíduo quer ser e fazer - o seu ideal - com uma responsabilidade nascida do assumir do risco e das consequência dessa conduta. Ou por lado escolher por adiar esse esforço, ou até se recusar a fazê-lo, prolongando a sua vivência condicionada à sombra daquilo que quer ser e fazer, vendo os seus sonhos morrendo, e perecendo também com as circunstâncias.
Há um momento, em que se não agarrarmos o nosso sonho, ele morre, e a nossa esperança sobre a vida vai morrendo também em nós.
No Oriente nasceu o conceito de "Karma", normalmente associado no Ocidente a um castigo por uma má ação ou comportamento. Mas o Karma, mais que um castigo é a situação condicionada pela nossa forma de ser, que de acordo com os nossos pensamentos, capacidades, ações e estado, influencia a realidade que experimentamos. Por vezes nos fazendo enfrentar repetidamente situações semelhantes. Talvez porque a nossa mente subconscientemente nos condicionou de volta ao mesmo tipo de situação. Talvez conspirando para nos pensar, e crescer, ser de forma diferente, de forma a sair do ciclo em que nos vemos.
E a culpa? Devemos nos sentir culpados?
Na vida tudo o que pode acontecer e ser feito é permitido. Não existem intrinsecamente à vida "direitos" que não se manifestem à partida. O que é possível é legítimo. Mas da mesma forma essa ação tem consequências. E isto leva naturalmente, de forma orgânica, à aprendizagem, evolução do comportamento individual e coletivo e ao estabelecimento de regras pessoais e sociais.
A culpa é uma questão emocional e racional. Na vida não há obrigações. A pessoa pode desprezar quem lhe fez bem. Não é obrigatório retribuir o bem. Mas isto psiquicamente pesa, ao ir contra as concepções do nosso superego e contra o nosso sentido moral interior, causando desapontamento intímo, sofrimento e conflito interior. Isto condiciona subconscientemente o ser humano, e provoca uma pior realidade social direta e indiretamente. Leva à experiência de um peso compassivo latente, que acompanha a pessoa, e a infesta.
Mas, mesmo quando experimentamos aversão a pensar na causa da culpa que sentimos, devemos ser racionais e pensar sobre o que é legítimos de nos sentimos culpados, e o que não é. Procurando não sofrer ilegítima e desnecessariamente.
E no caso de nos continuarmos a se sentir responsáveis, de forma legítima, devemos procurar amenizar a situação indesejável provocada na medida do possível e mudar o nosso comportamento para melhor, pois esse é o único desfecho positivo de uma ação que verdadeiramente lamentamos.
Mas em sociedade, comportamentos que magoam e/ou desapontam, para serem esquecidos, exigem tempo e demonstração de mudança do comportamento. Mas perdoar depende de quem se sente lesado.
O perdão, como a culpa, são comportamentos baseados em vivências emocionais, sentimentais e racionais, relativos a um ser subjetivo.
E possivelmente na orgânica do Universo, nós seremos as principais testemunhas, júris, juízes e carrascos da nossa própria existência. Como o poeta John Milton escreveu:
A noção comum de bem e mal, a visão bipolar que matiza o julgamento das diferentes facetas da vida dentro da nossa cultura ocidental, advém de uma moralidade bipolar. Uma moralidade humana, afetada e limitada.
Bem e mal qualifica a ação humana, de pessoas que consideramos melhores ou piores. Boas e más. Mas que na realidade estão no seu próprio processo de evolução. Estão a aprender, como se diz comumente "até à morte". Não são pessoas boas nem más, mas pessoas no seu particular estado de evolução, num contexto particular e inintelegível. Na sua existência têm por vezes momentos mais fáceis e melhores que outros, mas eventualmente o fácil se torna difícil, o doce se converte em amargo, e sucedem-se experiências difíceis também na história das suas vidas. Vivem nas suas botas, e ninguém mais as pode calçar, por muito que quisesse.
Como o poeta Khalil Gibran escreveu:
Assim eu não acredito na dualidade do bem e do mal, mas em diferentes estados de evolução e diferentes momentos na existência particular de cada ser, que se conjugam com a vontade pessoal para criar um estado de espírito particular, que condiciona a vontade na tomada de decisão e na ação. Ação esta realizada em função de objetivos particulares, relacionados ao estado de evolução.
Sendo que procurar comparar diferentes pessoas e os seus estados de evolução é um exercício difícil e injusto, porque cada um está no seu próprio percurso, diferente, caminhando de acordo com as suas capacidades e segundo as suas próprias ideias e ações que lhe fazem sentido, em direção à aquilo que atrai o seu próprio ser.
O imperador romano filósofo Marco Aurélio avisou-nos a ter a consciência de que nós próprios cometemos erros suficientes. Para não cairmos no narcisismo, porque somos como os outros. E, assim, se evitámos cometer alguns dos erros que outros cometem, devemos reconhecer o potencial para cometer ainda maiores.
Sendo que um erro é um comportamento desadequado que resulta de uma má compreensão ou de análise deficiente de um fato ou de um assunto, na procura de um objetivo considerado válido. Desta forma uma escolha consciente não é um erro.
A cultura contemporânea procura massificar formas de ser supérfluas, mas cada ser humano é diferente e a sua vida segue um percurso único. Não há duas pessoas iguais, nem duas vidas iguais.
O verdadeiro bem e mal, não acredito que se aplique em relação às particularidades da conduta, mas em relação a seguir aquilo em que se acredita ou não que se deve fazer, respectivamente. Em crescer para aquilo que o indivíduo quer ser e fazer - o seu ideal - com uma responsabilidade nascida do assumir do risco e das consequência dessa conduta. Ou por lado escolher por adiar esse esforço, ou até se recusar a fazê-lo, prolongando a sua vivência condicionada à sombra daquilo que quer ser e fazer, vendo os seus sonhos morrendo, e perecendo também com as circunstâncias.
Há um momento, em que se não agarrarmos o nosso sonho, ele morre, e a nossa esperança sobre a vida vai morrendo também em nós.
No Oriente nasceu o conceito de "Karma", normalmente associado no Ocidente a um castigo por uma má ação ou comportamento. Mas o Karma, mais que um castigo é a situação condicionada pela nossa forma de ser, que de acordo com os nossos pensamentos, capacidades, ações e estado, influencia a realidade que experimentamos. Por vezes nos fazendo enfrentar repetidamente situações semelhantes. Talvez porque a nossa mente subconscientemente nos condicionou de volta ao mesmo tipo de situação. Talvez conspirando para nos pensar, e crescer, ser de forma diferente, de forma a sair do ciclo em que nos vemos.
E a culpa? Devemos nos sentir culpados?
Na vida tudo o que pode acontecer e ser feito é permitido. Não existem intrinsecamente à vida "direitos" que não se manifestem à partida. O que é possível é legítimo. Mas da mesma forma essa ação tem consequências. E isto leva naturalmente, de forma orgânica, à aprendizagem, evolução do comportamento individual e coletivo e ao estabelecimento de regras pessoais e sociais.
A culpa é uma questão emocional e racional. Na vida não há obrigações. A pessoa pode desprezar quem lhe fez bem. Não é obrigatório retribuir o bem. Mas isto psiquicamente pesa, ao ir contra as concepções do nosso superego e contra o nosso sentido moral interior, causando desapontamento intímo, sofrimento e conflito interior. Isto condiciona subconscientemente o ser humano, e provoca uma pior realidade social direta e indiretamente. Leva à experiência de um peso compassivo latente, que acompanha a pessoa, e a infesta.
Mas, mesmo quando experimentamos aversão a pensar na causa da culpa que sentimos, devemos ser racionais e pensar sobre o que é legítimos de nos sentimos culpados, e o que não é. Procurando não sofrer ilegítima e desnecessariamente.
E no caso de nos continuarmos a se sentir responsáveis, de forma legítima, devemos procurar amenizar a situação indesejável provocada na medida do possível e mudar o nosso comportamento para melhor, pois esse é o único desfecho positivo de uma ação que verdadeiramente lamentamos.
Mas em sociedade, comportamentos que magoam e/ou desapontam, para serem esquecidos, exigem tempo e demonstração de mudança do comportamento. Mas perdoar depende de quem se sente lesado.
O perdão, como a culpa, são comportamentos baseados em vivências emocionais, sentimentais e racionais, relativos a um ser subjetivo.
E possivelmente na orgânica do Universo, nós seremos as principais testemunhas, júris, juízes e carrascos da nossa própria existência. Como o poeta John Milton escreveu: