Os Alicerces

Os Alicerces

Como na construção de um edifício de cimento e tijolo, o estabelecer primeiro das fundações é essencial ao processo de edificação racional e sólido de um empreendimento filosófico. Assim o meu primeiro esforço é para a colocação dos alicerces (a elaboração e estruturação da base real) da minha filosofia.

Eu acredito que o processo individual de compreensão da realidade deve assentar numa fenomenologia da nossa particular experiência humana, combinada com reflexão e com imaginação. Procurando usar a imaginação no sentido de providenciar uma heurística pessoal que permita preencher lacunas nas nossas ideias e na nossa falta de compreensão de uma forma racional, válida e humilde. Embora claro que esta imaginação não é um argumento sólido ou válido por si só no processo de entendimento da realidade.

Por exemplo, eu acredito que na realidade a diferentes níveis - pessoal, social, macropolítico, universal, etc. - o mesmo tipo de dinâmicas tende a se replicar. Um dos casos em que isto acontece, é na ocorrência de diferentes forças psíquicas, sociais, políticas, espaciais que se contrapõem e se conjugam resultando numa manifestação particular mais ou menos homogénea, a esses níveis, das realidades correspondentes. Isto equivale ao princípio - acima como em baixo - referido no texto da chamada Tábua Esmeralda, com mais de 2000 anos, que faz parte da nossa cultura popular e se tornou num conceito mental meu.

Também procuro fazer uso da conhecida heurística chamada a Navalha de Occam, que sugere que entre duas teorias com iguais resultados, que procuram explicar ou prever os mesmos fenômenos, devemos sempre escolher a teoria mais simples.

Mas nenhuma das duas heurísticas acima mencionadas garante a certeza ou a verdade. São apenas conceitos que ajudam a encontrar formas de ultrapassar obstáculos na dialética interna.

Agora eu penso que se deve estabelecer a atitude filosófica com que pensar. Esta deve procurar ser corajosa, procurando desenvolver uma atitude curiosa, conciliadora e empática, de abertura e respeito, assente na honestidade intelectual própria e na procura do reconhecimento da honestidade do outro. Sem honestidade intelectual não há discussão sincera e construtiva. Não há dialética válida. E, da mesma forma, a honestidade intelectual precede uma visão própria válida sobre a realidade.

Devemos reconhecer que a realidade nos apresenta inúmeros fatores desconhecidos e inúmeras possibilidades de experiência e interpretação, e assim várias perspectivas válidas sobre a mesma realidade. Sendo que podemos advogar e defender as nossas ideias perante as dos outros, e os hostilizar e procurar subjugá-los, mas a nossa vida eventualmente nos apresenta experiências que nos mostram errados ou mais limitados do que gostaríamos, nos condicionando à humilhação e à humildade. Assim é importante trabalhar a abertura mental e o respeito pelo outro, consciente do mistério (da vida) que nos une.

Como afirma o ditado popular:

"Duas pedras duras não fazem farinha."

O imperador romano Marco Aurélio, e filósofo estoico, também aqui nos oferece a sua sabedoria ao dizer que:

"Se alguém me pode provar errado e me mostrar o meu erro em qualquer pensamento ou ação, eu com gratidão mudarei. Eu procuro a verdade, que nunca magoou ninguém: o mal está em persistir no autoengano e ignorância próprios."

Mesmo que aquilo que o outro nos apresenta - ou nós nos apresentamos a nós próprios - seja tão perigoso e provocante que contrarie as nossas ideias mais fundamentais e ponha a nossa concepção da realidade e de nós próprios em crise, devemos admiti-lo. E podemos até ser incapazes de lidar com este processo, mas pelo menos devemos admitir isto. Porque na verdade pode não haver o conforto que desejamos, mas existe a realidade, e na realidade reside a possibilidade de crescimento e de transcendência do problema e do sofrimento associado. Existe a possibilidade de expansão e transformação do nosso entendimento e sensibilidade - a transformação de nós próprios. Existe o caminho para a nossa real maturação.

E até podemos invejar as ideias do outro e querer nos sobrepôr a ele, e também isto devemos admiti-lo, porque é um comportamento natural e novamente nos apresenta, na sua verdade, a possibilidade de crescimento pessoal, mas devemos nos refrear de procurar destruir projetos válidos, e pessoas.

Em síntese, devemos trabalhar a coragem e procurar pensar de forma honesta, inclusiva e respeitosa, e tentar conciliar de forma válida e intuitiva as nossas ideias com as dos outros - as diferentes visões da realidade. E aceitar as diferenças onde existem, e respeitá-las.

De notar que qualquer ideia tida como verdadeira pode a seu tempo se revelar como incompleta ou falsa. A Ciência, por exemplo, está constantemente em reformulação e evolução. Hipóteses são formuladas, são testadas, são provadas ou negadas, e o conhecimento científico é revisto e evolui. Havendo também, na Ciência, o problema da falsidade intelectual. Assim é muito importante ser-se fiel a aquilo em que genuinamente se acredita, mesmo contra o pensamento da época ou a cultura na qual estamos inseridos, por honestidade intelectual para conosco próprios e com os outros.

E com isto, agora, eu devo procurar identificar a base da experiência humana.

Primeiro, o ser humano, como qualquer ser vivo conhecido, nasce num planeta, num determinado espaço físico, limitado, com recursos limitados. Seja alimentação, água, materiais, ferramentas, pares e possíveis parceiros sexuais, numa quantidade finita. E, num mesmo meio, os diferentes seres vivos, e tanto mais para os da mesma espécie, competem pelos mesmos recursos, ainda que com desígnios especificamente diferentes. Vivemos numa realidade de competição. Embora os recursos, alimentação, água e produtos, em geral, não sejam um problema em termos absolutos, ao vivermos numa sociedade afluente, que prima pela abundância, e que, em geral, apenas limita o acesso a esses recursos. Nomeadamente pela aplicação de um sistema económico.

Desde a fecundação do óvulo e até à sua morte, o indivíduo, primeiro como embrião, depois como feto, depois bebé, criança, adolescente, adulto, idoso, ao longo da sua vida, passa por transformações físicas e psicológicas, que não mudam só a sua forma de viver, mas também a sua experiência - que transformam esse ser.

Na infância, o ser humano é essencialmente uma esponja cognitiva, um receptor, com uma lógica intrínseca natural, e conceitos próprios simples, que aprende, é educado, se educa e desenvolve principalmente pela sua experiência e pela sua interpretação dela, guiado normalmente pelos seus educadores, com reduzido sentido crítico e capacidade de autocontrolo, impulsivo. É nascido para uma existência terrena, como os filósofos Karl Jaspers e Martin Heidegger defendiam com os seus diferentes conceitos de Dasein (ser no mundo).

Segundo a investigadora Amrisha Vaish, do departamento de Psicologia da Universidade de Virginia, Estados Unidos da América, de acordo com a sua investigação na área da psicologia infantil, o ser humano não nasce egoísta, como defende Richard Dawkins na sua obra O Gene Egoísta, mas exibe também, desde os primeiros anos, comportamento demarcadamente pró-social, altruísta, que lhe leva a acreditar que o ser humano nasce com potencialidades altruístas e egoístas, que vai desenvolvendo influenciado por fatores sociais, culturais. Assim, na sua opinião, nós não somos somente bons nem maus, mas ambos, e essas inclinações estão conosco deste o princípio.

No íntimo do ser humano há um forte impulso à novidade. Um impulso criativo. Como Schelling defendia. Um impulso que não necessariamente obedece à razão, e aí a possibilidade da criação de ilusões.

Assim como há forte predisposição à busca de prazer e à fuga à dor. Que pode levar, com a procura de novidade, à imaginação de quimeras utópicas.

E - segundo o médico Gabor Matè - desde tenra idade, o ser humano enfrenta intimamente a tensão entre a procura de aceitação social e a sua autenticidade. Que em ambientes muito exigentes e pouco confortáveis podem levar a total falta de autenticidade no comportamento, em favor da procura por ser aceite socialmente.

O ser humano também não sabe exatamente de onde vem de um ponto de vista biológico e antropocêntrico. Se a comunidade científica coalesceu as suas teorias sobre a evolução humana à volta da ideia da evolução das espécies de Charles Darwin, e há registos esparsos de alguns seres vivos extintos que se creem antepassados do ser humano moderno - fósseis, pinturas, utensílios -, muitas dúvidas persistem e teorias há sobre aquilo que desconhecemos e a forma como tudo se conjugou no passado histórico da Humanidade.

Desta forma a famosa expressão de Jean Paul Sartre, de que a "a existência precede a essência" corresponde à verdade de uma forma empírica, já que o ser antes de se poder conhecer e compreender é forçado a agir, a ser. E é pela sua ação e pela sua experiência, em um mundo desconhecido, que amadurece a sua perspectiva sobre a realidade e, por extensão, sobre si próprio. E esta perspectiva pode levar o indivíduo em direções muito diferentes, ainda que confusas e até perturbadoras, pelo menos em algumas alturas, no processo de se criar a si próprio como indivíduo.

E assim o indivíduo apresentando-se num mundo estranho, limitado, e experienciando os seus próprios impulsos e comportamentos, cria as suas próprias interpretações e ideias, e forma de ser, com base no que existe e nas pressões que sofre. E isto inclui, como num computador, o casamento de uma componente material particular (o corpo como o hardware) e de uma componente abstrata particular (a mente como software), que lhe permite agir de forma consequente no mundo físico que se encontra a habitar. Há toda uma estrutura ordenada e funcional que lhe permite ser no mundo. E que mesmo que apresente as suas diferenças particulares (e.g. visão normal versus visão miópica), apresenta uma paridade nos processos que permite a interação com sucesso e o estabelecimento de relações com os outros seres vivos que reconhece e pelos quais é reconhecido.

E esta estrutura física e abstrata permite a experiência do mundo, o raciocínio, a ação e a aprendizagem que transformam o indivíduo, e que começam algures na vida intrauterina fetal, com a tomada de consciência.

E como Jean Paul Sartre defendia, o ser humano vive caminhando para a morte. A sua experiência é influenciada pela sua finitude e proximidade - pelo menos mental - à sua morte, desde que adquire entendimento sobre o tema.

E os seres humanos são seres sociais, que normalmente se associam entre si e se organizam em sociedades, mais ou menos numerosas e desenvolvidas. E de acordo com as regras criadas (normas e leis) destas sociedades - até as subentendidas - estes indivíduos interagem, se influenciam e se organizam, levando ao surgimento de formas de pensar mais ou menos realizadas e relativas a esses agrupamentos, ideologias, que refletem a especificidade desses grupos dentro das próprias sociedades e as próprias sociedades. E as comunidades, por sua vez, também interagem, se influenciam mutuamente e se podem organizar em estruturas maiores (distritos, países, organizações de países, etc.).

Assim o ser humano não se limita ao seu corpo e mente, como o filósofo Baruch Espinoza considerava, e é comum pensar, mas a verdadeira dimensão do ser humano é a total extensão da sua vida. É o seu corpo, a sua mente, a sua inteligência, a sua sensibilidade, o seu comportamento, e o seu trabalho, mas também as relações que estabelece e até inclui o próprio espaço que ocupa - enquanto e como o ocupa - pela influência que exerce sobre ele e pela forma como o integra, assim como incluí também os produtos da sua existência, e até é determinado em parte, o ser humano, pelas circunstâncias da sua vida (o meio ambiente, a cultura, as suas experiências). A verdadeira extensão do ser humano é a total extensão da sua vida, como ela é, que se intersecta com a existência dos outros. Um ser humano é, em si, um fenómeno natural.

E o foco da atenção do ser humano se divide entre si e o seu meio, e quando se foca no seu meio os seus limites naturais parecem-lhe se esbater e ele perceptualmente tende a se fundir com o objeto da sua atenção.

Como o filósofo Edmund Husserl afirmava, no processo do entendimento, nós observamos o objeto (da nossa atenção) e recriamo-lo no nosso pensamento para nós, definido de acordo com a nossa subjetividade, com um significado para nós. Não é uma representação objetiva do objeto. E este processo é autorreferencial, pois é relativo a nós próprios, como conhecedores.

Mas ao contrário do que pensavam os existencialistas Camus e Sartre, nós criamos significado nas nossas vidas, sentido, mas não todo, pois os eventos em si, da nossa vida, já contém em si algum significado intrínseco. Como por exemplo, a morte. Independentemente de como a perspetivamos é o processo que conduz ao fim da nossa vida física.

Esta particular forma de viver torna válida uma infinitude de diferentes perspectivas sobre a realidade.

Sendo importante também salientar que, com a evolução da ciência e da tecnologia, foi criado novo conhecimento que pode informar quer antigas concepções da realidade e do ser humano quer oferecer novas realidades a considerar. Immanuel Kant acreditava na existência de objetos intangíveis à sensibilidade humana, "as coisas como são nelas próprias" (chamadas de númenos), a realidade absoluta, e estudos científicos recentes sobre o campo quântico apontam à existência de uma dimensão física para lá da quântica, que alguns chamam de meta-dimensão.

Também nós devemos assumir que fazemos parte de uma realidade exterior em constante transformação e perene. Não devemos orgulhosamente nos excluir tolamente dos sistemas de que fazemos parte, como das cadeias alimentares e ecossistemas, numa manifestação de excepcionalismo não merecido e ilusório.

E devemos aceitar que a vida não humana tem e demonstra a consciência necessária para viver com sucesso nos seus nichos ecológicos, incluindo a capacidade de sentir. E com isto não devemos menosprezar, desprezar ou maltratar a vida não humana. Ou a vida humana.

Como o neurocientista Anil Seth afirma:

"A consciência tem utilidade funcional em integrar grandes quantidades de informação relacionada à sobrevivência. (...) [Assim,] da perspectiva da evolução, a consciência proporciona uma solução muito efetiva ao problema de guiar o comportamento e regular a condição fisiológica do corpo, quando a realidade se torna suficientemente complexa."

A consciência é uma estrutura abstrata fundamental ao ser vivo, com funções de interpretação e predição do meio envolvente, gestão da memória, e discussão e decisão do comportamento. Quase como um computador em operação.

De notar que para a consciência existir, nos moldes em que a identificamos, o corpo e o cérebro são fundamentais. Experimentalmente, quando o cérebro está intoxicado, com drogas (incluindo o álcool), ocorrem os chamados apagões, havendo uma memória desses eventos tão mais limitada quanto maior a intoxicação química. O mesmo é corroborado na ausência de atividade cerebral durante a morte, em pessoas cujo cérebro está de alguma forma inutilizado, como reportado em pessoas que tiveram a experiência de estarem clinicamente mortas e sobreviveram. O corpo assume-se essencial à experiência da consciência como a identificamos.

O próprio biólogo Charles Darwin, que criou a teoria da evolução das espécies por seleção natural, defendia que a diferença entre as espécies de seres vivos - em anatomia, fisiologia, comportamento, emoções - são uma questão de grau e não de tipo. Darwin via todas as espécies de seres vivos como relacionadas biologicamente.

O ser humano é, apesar das suas capacidades aparentemente únicas, biologicamente um animal.

E com isto o debate do que é natural e não é natural no comportamento humano não tem sentido, assentando na presunção sobre o excepcionalismo humano.

Tudo o que é possível de existir é necessariamente natural, isto é relativo à natureza. Natureza esta humana, biológica, etc., dependendo do tema em discussão.

Como o pensador Yuval Noah Harari afirmou:

"A partir de uma perspectiva biológica, nada é artificial. Tudo o que é possível é por definição natural. Um comportamento verdadeiramente artificial, um que vai contra as leis da natureza, simplesmente não pode existir, assim não precisaria de proibição."

Mas isto não quer dizer que comportamentos, pela sua especificidade indesejável, não possam ser sancionados ou proibidos. Leis e normas também são, da mesma forma, parte da natureza humana. Simplesmente que a questão do que é ou não natural não tem lugar na discussão ética e moral.

E como o astrónomo Carl Sagan defendia, não existe só uma natureza humana. A humanidade e a sua natureza é moldável e flexível, tendo sido influenciada e mudada de forma visível ao longo dos tempos. A escravatura, que foi uma prática comum durante milhares de anos, foi maioritariamente erradicada. A emancipação das mulheres, conferindo-lhes poder político e económico, tradicionalmente lhes negado.

É, por último, também fundamental reconhecer, para uma análise completa do ser humano, e mesmo da realidade, que a nossa percepção não se reduz ao trabalho sobre os sentidos sobre o mundo físico. O ser humano experimenta sensações, sobre o mundo físico, mas também sobre o abstrato, e tem uma dimensão emocional que interage com o pensamento, e o estimula. E estas, ainda que menos tangíveis, não devem ser descartadas no processo de entendimento.

Fontes:
  • «As Above So Below Occult Phrase and Origin», artigo do espaço Learn Religions, disponível aqui;
  • «Navalha de Occam», artigo do espaço Info Escola, disponível aqui;
  • «Quem foi Marco Aurélio, o "Imperador Filósofo"», artigo do espaço Estoicismo Prático, disponível aqui;
  • «Forgotten existentialist», artigo de Deborah Casewell, palestrante de Filosofia da Religião da Universidade de Chester, para o espaço Aeon, disponível aqui;
  • «A History of Philosophy | 70 Husserl and Heidegger», vídeo de Arthur F. Holmes, professor de Filosofia da Universidade de Wheaton, disponível aqui;
  • «Dasein», artigo da Wikipedia, disponível aqui;
  • «22 | Do Young Children Care About Others? Searching For The Seeds Of Human Morality ~ Amrisha Vaish», podcast de Ilari Mäkelä, licenciado em Filosofia e Psicologia na Universidade de Oxford e mestre em Filosofia na Universidade de Pequim, disponível aqui;
  • «A History of Philosophy | 71 Jean-Paul Satre», vídeo de Arthur F. Holmes, professor de Filosofia da Universidade de Wheaton, disponível aqui;
  • «Espinosa», artigo do espaço de filosofia Razão Inadequada, disponível aqui;
  • «Albert Camus», artigo do espaço Stanford Encyclopedia of Philosophy, disponível aqui;
  • «A History of Philosophy | 52 Kant's Epistemology», vídeo de Arthur F. Holmes, professor de Filosofia da Universidade de Wheaton, disponível aqui;
  • «A 5th dimension may explain quantum theory», artigo de Tim Andersen, doutorado, publicado no espaço Medium, disponível aqui;
  • «Searching for dark matter through the fifth dimension», artigo da Universidade de Mainz, Alemanha, para o espaço Physics.org, disponível aqui;
  • «Pessimistic starlings, depressed parrots, sad baboons - the surprising implications of animal sentience», artigo de Scot Lehigh, repórter e colunista de longa data, para o jornal Boston Globe, disponível aqui;
  • «Anil Seth: The hallucination of consciousness», artigo de Riccardo Manzotti, professor de Filosofia da Universidade IULM (Milão), e de Anil Seth, professor de Neurociência Cognitiva e Computacional, da Universidade de Sussex, para o espaço Iai, disponível aqui;
  • «"Nothing Humans Do Is Unnatural" (Vlad reacts to Harari)», vídeo de Vlad Vexler, filósofo, no Youtube, disponível aqui;
  • «Carl Sagan - Who Speaks for Earth», vídeo do canal TheKubeTube, no Youtube, disponível aqui.

Como na construção de um edifício de cimento e tijolo, o estabelecer primeiro das fundações é essencial ao processo de edificação racional e sólido de um empreendimento filosófico. Assim o meu primeiro esforço é para a colocação dos alicerces (a elaboração e estruturação da base real) da minha filosofia.

Eu acredito que o processo individual de compreensão da realidade deve assentar numa fenomenologia da nossa particular experiência humana, combinada com reflexão e com imaginação. Procurando usar a imaginação no sentido de providenciar uma heurística pessoal que permita preencher lacunas nas nossas ideias e na nossa falta de compreensão de uma forma racional, válida e humilde. Embora claro que esta imaginação não é um argumento sólido ou válido por si só no processo de entendimento da realidade.

Por exemplo, eu acredito que na realidade a diferentes níveis - pessoal, social, macropolítico, universal, etc. - o mesmo tipo de dinâmicas tende a se replicar. Um dos casos em que isto acontece, é na ocorrência de diferentes forças psíquicas, sociais, políticas, espaciais que se contrapõem e se conjugam resultando numa manifestação particular mais ou menos homogénea, a esses níveis, das realidades correspondentes. Isto equivale ao princípio - acima como em baixo - referido no texto da chamada Tábua Esmeralda, com mais de 2000 anos, que faz parte da nossa cultura popular e se tornou num conceito mental meu.

Também procuro fazer uso da conhecida heurística chamada a Navalha de Occam, que sugere que entre duas teorias com iguais resultados, que procuram explicar ou prever os mesmos fenômenos, devemos sempre escolher a teoria mais simples.

Mas nenhuma das duas heurísticas acima mencionadas garante a certeza ou a verdade. São apenas conceitos que ajudam a encontrar formas de ultrapassar obstáculos na dialética interna.

Agora eu penso que se deve estabelecer a atitude filosófica com que pensar. Esta deve procurar ser corajosa, procurando desenvolver uma atitude curiosa, conciliadora e empática, de abertura e respeito, assente na honestidade intelectual própria e na procura do reconhecimento da honestidade do outro. Sem honestidade intelectual não há discussão sincera e construtiva. Não há dialética válida. E, da mesma forma, a honestidade intelectual precede uma visão própria válida sobre a realidade.

Devemos reconhecer que a realidade nos apresenta inúmeros fatores desconhecidos e inúmeras possibilidades de experiência e interpretação, e assim várias perspectivas válidas sobre a mesma realidade. Sendo que podemos advogar e defender as nossas ideias perante as dos outros, e os hostilizar e procurar subjugá-los, mas a nossa vida eventualmente nos apresenta experiências que nos mostram errados ou mais limitados do que gostaríamos, nos condicionando à humilhação e à humildade. Assim é importante trabalhar a abertura mental e o respeito pelo outro, consciente do mistério (da vida) que nos une.

Como afirma o ditado popular:

"Duas pedras duras não fazem farinha."

O imperador romano Marco Aurélio, e filósofo estoico, também aqui nos oferece a sua sabedoria ao dizer que:

"Se alguém me pode provar errado e me mostrar o meu erro em qualquer pensamento ou ação, eu com gratidão mudarei. Eu procuro a verdade, que nunca magoou ninguém: o mal está em persistir no autoengano e ignorância próprios."

Mesmo que aquilo que o outro nos apresenta - ou nós nos apresentamos a nós próprios - seja tão perigoso e provocante que contrarie as nossas ideias mais fundamentais e ponha a nossa concepção da realidade e de nós próprios em crise, devemos admiti-lo. E podemos até ser incapazes de lidar com este processo, mas pelo menos devemos admitir isto. Porque na verdade pode não haver o conforto que desejamos, mas existe a realidade, e na realidade reside a possibilidade de crescimento e de transcendência do problema e do sofrimento associado. Existe a possibilidade de expansão e transformação do nosso entendimento e sensibilidade - a transformação de nós próprios. Existe o caminho para a nossa real maturação.

E até podemos invejar as ideias do outro e querer nos sobrepôr a ele, e também isto devemos admiti-lo, porque é um comportamento natural e novamente nos apresenta, na sua verdade, a possibilidade de crescimento pessoal, mas devemos nos refrear de procurar destruir projetos válidos, e pessoas.

Em síntese, devemos trabalhar a coragem e procurar pensar de forma honesta, inclusiva e respeitosa, e tentar conciliar de forma válida e intuitiva as nossas ideias com as dos outros - as diferentes visões da realidade. E aceitar as diferenças onde existem, e respeitá-las.

De notar que qualquer ideia tida como verdadeira pode a seu tempo se revelar como incompleta ou falsa. A Ciência, por exemplo, está constantemente em reformulação e evolução. Hipóteses são formuladas, são testadas, são provadas ou negadas, e o conhecimento científico é revisto e evolui. Havendo também, na Ciência, o problema da falsidade intelectual. Assim é muito importante ser-se fiel a aquilo em que genuinamente se acredita, mesmo contra o pensamento da época ou a cultura na qual estamos inseridos, por honestidade intelectual para conosco próprios e com os outros.

E com isto, agora, eu devo procurar identificar a base da experiência humana.

Primeiro, o ser humano, como qualquer ser vivo conhecido, nasce num planeta, num determinado espaço físico, limitado, com recursos limitados. Seja alimentação, água, materiais, ferramentas, pares e possíveis parceiros sexuais, numa quantidade finita. E, num mesmo meio, os diferentes seres vivos, e tanto mais para os da mesma espécie, competem pelos mesmos recursos, ainda que com desígnios especificamente diferentes. Vivemos numa realidade de competição. Embora os recursos, alimentação, água e produtos, em geral, não sejam um problema em termos absolutos, ao vivermos numa sociedade afluente, que prima pela abundância, e que, em geral, apenas limita o acesso a esses recursos. Nomeadamente pela aplicação de um sistema económico.

Desde a fecundação do óvulo e até à sua morte, o indivíduo, primeiro como embrião, depois como feto, depois bebé, criança, adolescente, adulto, idoso, ao longo da sua vida, passa por transformações físicas e psicológicas, que não mudam só a sua forma de viver, mas também a sua experiência - que transformam esse ser.

Na infância, o ser humano é essencialmente uma esponja cognitiva, um receptor, com uma lógica intrínseca natural, e conceitos próprios simples, que aprende, é educado, se educa e desenvolve principalmente pela sua experiência e pela sua interpretação dela, guiado normalmente pelos seus educadores, com reduzido sentido crítico e capacidade de autocontrolo, impulsivo. É nascido para uma existência terrena, como os filósofos Karl Jaspers e Martin Heidegger defendiam com os seus diferentes conceitos de Dasein (ser no mundo).

Segundo a investigadora Amrisha Vaish, do departamento de Psicologia da Universidade de Virginia, Estados Unidos da América, de acordo com a sua investigação na área da psicologia infantil, o ser humano não nasce egoísta, como defende Richard Dawkins na sua obra O Gene Egoísta, mas exibe também, desde os primeiros anos, comportamento demarcadamente pró-social, altruísta, que lhe leva a acreditar que o ser humano nasce com potencialidades altruístas e egoístas, que vai desenvolvendo influenciado por fatores sociais, culturais. Assim, na sua opinião, nós não somos somente bons nem maus, mas ambos, e essas inclinações estão conosco deste o princípio.

No íntimo do ser humano há um forte impulso à novidade. Um impulso criativo. Como Schelling defendia. Um impulso que não necessariamente obedece à razão, e aí a possibilidade da criação de ilusões.

Assim como há forte predisposição à busca de prazer e à fuga à dor. Que pode levar, com a procura de novidade, à imaginação de quimeras utópicas.

E - segundo o médico Gabor Matè - desde tenra idade, o ser humano enfrenta intimamente a tensão entre a procura de aceitação social e a sua autenticidade. Que em ambientes muito exigentes e pouco confortáveis podem levar a total falta de autenticidade no comportamento, em favor da procura por ser aceite socialmente.

O ser humano também não sabe exatamente de onde vem de um ponto de vista biológico e antropocêntrico. Se a comunidade científica coalesceu as suas teorias sobre a evolução humana à volta da ideia da evolução das espécies de Charles Darwin, e há registos esparsos de alguns seres vivos extintos que se creem antepassados do ser humano moderno - fósseis, pinturas, utensílios -, muitas dúvidas persistem e teorias há sobre aquilo que desconhecemos e a forma como tudo se conjugou no passado histórico da Humanidade.

Desta forma a famosa expressão de Jean Paul Sartre, de que a "a existência precede a essência" corresponde à verdade de uma forma empírica, já que o ser antes de se poder conhecer e compreender é forçado a agir, a ser. E é pela sua ação e pela sua experiência, em um mundo desconhecido, que amadurece a sua perspectiva sobre a realidade e, por extensão, sobre si próprio. E esta perspectiva pode levar o indivíduo em direções muito diferentes, ainda que confusas e até perturbadoras, pelo menos em algumas alturas, no processo de se criar a si próprio como indivíduo.

E assim o indivíduo apresentando-se num mundo estranho, limitado, e experienciando os seus próprios impulsos e comportamentos, cria as suas próprias interpretações e ideias, e forma de ser, com base no que existe e nas pressões que sofre. E isto inclui, como num computador, o casamento de uma componente material particular (o corpo como o hardware) e de uma componente abstrata particular (a mente como software), que lhe permite agir de forma consequente no mundo físico que se encontra a habitar. Há toda uma estrutura ordenada e funcional que lhe permite ser no mundo. E que mesmo que apresente as suas diferenças particulares (e.g. visão normal versus visão miópica), apresenta uma paridade nos processos que permite a interação com sucesso e o estabelecimento de relações com os outros seres vivos que reconhece e pelos quais é reconhecido.

E esta estrutura física e abstrata permite a experiência do mundo, o raciocínio, a ação e a aprendizagem que transformam o indivíduo, e que começam algures na vida intrauterina fetal, com a tomada de consciência.

E como Jean Paul Sartre defendia, o ser humano vive caminhando para a morte. A sua experiência é influenciada pela sua finitude e proximidade - pelo menos mental - à sua morte, desde que adquire entendimento sobre o tema.

E os seres humanos são seres sociais, que normalmente se associam entre si e se organizam em sociedades, mais ou menos numerosas e desenvolvidas. E de acordo com as regras criadas (normas e leis) destas sociedades - até as subentendidas - estes indivíduos interagem, se influenciam e se organizam, levando ao surgimento de formas de pensar mais ou menos realizadas e relativas a esses agrupamentos, ideologias, que refletem a especificidade desses grupos dentro das próprias sociedades e as próprias sociedades. E as comunidades, por sua vez, também interagem, se influenciam mutuamente e se podem organizar em estruturas maiores (distritos, países, organizações de países, etc.).

Assim o ser humano não se limita ao seu corpo e mente, como o filósofo Baruch Espinoza considerava, e é comum pensar, mas a verdadeira dimensão do ser humano é a total extensão da sua vida. É o seu corpo, a sua mente, a sua inteligência, a sua sensibilidade, o seu comportamento, e o seu trabalho, mas também as relações que estabelece e até inclui o próprio espaço que ocupa - enquanto e como o ocupa - pela influência que exerce sobre ele e pela forma como o integra, assim como incluí também os produtos da sua existência, e até é determinado em parte, o ser humano, pelas circunstâncias da sua vida (o meio ambiente, a cultura, as suas experiências). A verdadeira extensão do ser humano é a total extensão da sua vida, como ela é, que se intersecta com a existência dos outros. Um ser humano é, em si, um fenómeno natural.

E o foco da atenção do ser humano se divide entre si e o seu meio, e quando se foca no seu meio os seus limites naturais parecem-lhe se esbater e ele perceptualmente tende a se fundir com o objeto da sua atenção.

Como o filósofo Edmund Husserl afirmava, no processo do entendimento, nós observamos o objeto (da nossa atenção) e recriamo-lo no nosso pensamento para nós, definido de acordo com a nossa subjetividade, com um significado para nós. Não é uma representação objetiva do objeto. E este processo é autorreferencial, pois é relativo a nós próprios, como conhecedores.

Mas ao contrário do que pensavam os existencialistas Camus e Sartre, nós criamos significado nas nossas vidas, sentido, mas não todo, pois os eventos em si, da nossa vida, já contém em si algum significado intrínseco. Como por exemplo, a morte. Independentemente de como a perspetivamos é o processo que conduz ao fim da nossa vida física.

Esta particular forma de viver torna válida uma infinitude de diferentes perspectivas sobre a realidade.

Sendo importante também salientar que, com a evolução da ciência e da tecnologia, foi criado novo conhecimento que pode informar quer antigas concepções da realidade e do ser humano quer oferecer novas realidades a considerar. Immanuel Kant acreditava na existência de objetos intangíveis à sensibilidade humana, "as coisas como são nelas próprias" (chamadas de númenos), a realidade absoluta, e estudos científicos recentes sobre o campo quântico apontam à existência de uma dimensão física para lá da quântica, que alguns chamam de meta-dimensão.

Também nós devemos assumir que fazemos parte de uma realidade exterior em constante transformação e perene. Não devemos orgulhosamente nos excluir tolamente dos sistemas de que fazemos parte, como das cadeias alimentares e ecossistemas, numa manifestação de excepcionalismo não merecido e ilusório.

E devemos aceitar que a vida não humana tem e demonstra a consciência necessária para viver com sucesso nos seus nichos ecológicos, incluindo a capacidade de sentir. E com isto não devemos menosprezar, desprezar ou maltratar a vida não humana. Ou a vida humana.

Como o neurocientista Anil Seth afirma:

"A consciência tem utilidade funcional em integrar grandes quantidades de informação relacionada à sobrevivência. (...) [Assim,] da perspectiva da evolução, a consciência proporciona uma solução muito efetiva ao problema de guiar o comportamento e regular a condição fisiológica do corpo, quando a realidade se torna suficientemente complexa."

A consciência é uma estrutura abstrata fundamental ao ser vivo, com funções de interpretação e predição do meio envolvente, gestão da memória, e discussão e decisão do comportamento. Quase como um computador em operação.

De notar que para a consciência existir, nos moldes em que a identificamos, o corpo e o cérebro são fundamentais. Experimentalmente, quando o cérebro está intoxicado, com drogas (incluindo o álcool), ocorrem os chamados apagões, havendo uma memória desses eventos tão mais limitada quanto maior a intoxicação química. O mesmo é corroborado na ausência de atividade cerebral durante a morte, em pessoas cujo cérebro está de alguma forma inutilizado, como reportado em pessoas que tiveram a experiência de estarem clinicamente mortas e sobreviveram. O corpo assume-se essencial à experiência da consciência como a identificamos.

O próprio biólogo Charles Darwin, que criou a teoria da evolução das espécies por seleção natural, defendia que a diferença entre as espécies de seres vivos - em anatomia, fisiologia, comportamento, emoções - são uma questão de grau e não de tipo. Darwin via todas as espécies de seres vivos como relacionadas biologicamente.

O ser humano é, apesar das suas capacidades aparentemente únicas, biologicamente um animal.

E com isto o debate do que é natural e não é natural no comportamento humano não tem sentido, assentando na presunção sobre o excepcionalismo humano.

Tudo o que é possível de existir é necessariamente natural, isto é relativo à natureza. Natureza esta humana, biológica, etc., dependendo do tema em discussão.

Como o pensador Yuval Noah Harari afirmou:

"A partir de uma perspectiva biológica, nada é artificial. Tudo o que é possível é por definição natural. Um comportamento verdadeiramente artificial, um que vai contra as leis da natureza, simplesmente não pode existir, assim não precisaria de proibição."

Mas isto não quer dizer que comportamentos, pela sua especificidade indesejável, não possam ser sancionados ou proibidos. Leis e normas também são, da mesma forma, parte da natureza humana. Simplesmente que a questão do que é ou não natural não tem lugar na discussão ética e moral.

E como o astrónomo Carl Sagan defendia, não existe só uma natureza humana. A humanidade e a sua natureza é moldável e flexível, tendo sido influenciada e mudada de forma visível ao longo dos tempos. A escravatura, que foi uma prática comum durante milhares de anos, foi maioritariamente erradicada. A emancipação das mulheres, conferindo-lhes poder político e económico, tradicionalmente lhes negado.

É, por último, também fundamental reconhecer, para uma análise completa do ser humano, e mesmo da realidade, que a nossa percepção não se reduz ao trabalho sobre os sentidos sobre o mundo físico. O ser humano experimenta sensações, sobre o mundo físico, mas também sobre o abstrato, e tem uma dimensão emocional que interage com o pensamento, e o estimula. E estas, ainda que menos tangíveis, não devem ser descartadas no processo de entendimento.

Fontes:
  • «As Above So Below Occult Phrase and Origin», artigo do espaço Learn Religions, disponível aqui;
  • «Navalha de Occam», artigo do espaço Info Escola, disponível aqui;
  • «Quem foi Marco Aurélio, o "Imperador Filósofo"», artigo do espaço Estoicismo Prático, disponível aqui;
  • «Forgotten existentialist», artigo de Deborah Casewell, palestrante de Filosofia da Religião da Universidade de Chester, para o espaço Aeon, disponível aqui;
  • «A History of Philosophy | 70 Husserl and Heidegger», vídeo de Arthur F. Holmes, professor de Filosofia da Universidade de Wheaton, disponível aqui;
  • «Dasein», artigo da Wikipedia, disponível aqui;
  • «22 | Do Young Children Care About Others? Searching For The Seeds Of Human Morality ~ Amrisha Vaish», podcast de Ilari Mäkelä, licenciado em Filosofia e Psicologia na Universidade de Oxford e mestre em Filosofia na Universidade de Pequim, disponível aqui;
  • «A History of Philosophy | 71 Jean-Paul Satre», vídeo de Arthur F. Holmes, professor de Filosofia da Universidade de Wheaton, disponível aqui;
  • «Espinosa», artigo do espaço de filosofia Razão Inadequada, disponível aqui;
  • «Albert Camus», artigo do espaço Stanford Encyclopedia of Philosophy, disponível aqui;
  • «A History of Philosophy | 52 Kant's Epistemology», vídeo de Arthur F. Holmes, professor de Filosofia da Universidade de Wheaton, disponível aqui;
  • «A 5th dimension may explain quantum theory», artigo de Tim Andersen, doutorado, publicado no espaço Medium, disponível aqui;
  • «Searching for dark matter through the fifth dimension», artigo da Universidade de Mainz, Alemanha, para o espaço Physics.org, disponível aqui;
  • «Pessimistic starlings, depressed parrots, sad baboons - the surprising implications of animal sentience», artigo de Scot Lehigh, repórter e colunista de longa data, para o jornal Boston Globe, disponível aqui;
  • «Anil Seth: The hallucination of consciousness», artigo de Riccardo Manzotti, professor de Filosofia da Universidade IULM (Milão), e de Anil Seth, professor de Neurociência Cognitiva e Computacional, da Universidade de Sussex, para o espaço Iai, disponível aqui;
  • «"Nothing Humans Do Is Unnatural" (Vlad reacts to Harari)», vídeo de Vlad Vexler, filósofo, no Youtube, disponível aqui;
  • «Carl Sagan - Who Speaks for Earth», vídeo do canal TheKubeTube, no Youtube, disponível aqui.
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